Entrevista com Paulo Skaf, presidente da FIESP-SP

Empresas do Vale fevereiro 8, 2019 Nenhum comentário

Entrevista com Paulo Skaf, presidente da FIESP-SP

PAULO SKAF FALA SOBRE OS 40 ANOS DA EMBRAER

(*) Matéria realizada em outubro/2009 – edição nº 30

Por: José Carlos Reis de Souza

Diretor, editor e jornalista da Revista Empresas do Vale – Negócios & Turismo.

 

 Paulo skaf nascido em São Paulo no dia 07/08/1955, formado em administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, proprietário da Skaf Indústria Têxtil Ltda., atualmente inativa. Foi presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e do Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo. Em 2004 assumiu a presidência da FIESP / SESI e SENAI do Estado de São Paulo. Também preside o Instituto Roberto Simonsen e ocupa a primeira vice-presidência da Confederação Nacional da Indústria.

 

ENTREVISTA

E.V. – Como o Senhor determina a Embraer?

Paulo Skaf A Embraer é uma montadora, e em seu entorno existem os fabricantes de peças e componentes. O Brasil exporta avião e o que a Embraer pratica é fabricar uma parte, comprar outra parte e finalizar a montagem, não importa o método. Quando a gente analisa a Embraer, seja como empresa, ou seja, pela atividade que ela faça diretamente ou   indiretamente através de uma aliança de seus fornecedores, tudo vale da mesma  forma, é o Brasil produzindo inovação e empregando tecnologia no Brasil.

E.V. – Com a crise no mercado mundial de aviação, fornecedores da Embraer foram afetados porque as vendas desabaram, qual foi o procedimento usado para dar sustentabilidade a estes fornecedores que compõe a cadeia de produtos para a fabricação dos aviões? 

Paulo Skaf. Esta é uma preocupação que nós temos com os fornecedores de aéropeças, nós não podemos esquecer que há dificuldades, no momento em que despenca as vendas e cai à demanda, alguma providencia ou reação acaba acontecendo, devido a isto já praticamos diversas reuniões na FIESP. Para que tenham conhecimento, já recebemos um grupo de 60 produtores de São José dos Campos, fora os fornecedores das indústrias de São Carlos, enfim, de outros cantos. Os fornecedores trouxeram algumas questões, por exemplo; havia um vinculo com o BNDES, devido à compra de diversas máquinas financiadas. Falamos junto ao BNDES para que comparecesse às reuniões dentro do FIESP e eles compareceram às reuniões no Rio de Janeiro. E pelo que me consta esta questão do BNDES onde havia dificuldades, houve uma acomodação ou equacionamento que atendeu aos interesses das empresas fornecedoras de aéropeças. Em relação às negociações e o relacionamento dos fornecedores com a Embraer, falei com Frederico (pres. da Embraer) e com o setor de aéropeças, para facilitar esse diálogo, é lógico que é um relacionamento empresa com empresa, nós nunca gostamos de nos omitir em qualquer circunstancia. Eu diria até que me considero um pouco atrevido, eu me meto em muitas coisas além dos limites. Mas quando a história é boa e como trabalhamos com honestidade, transparência e sempre com a melhor intenção possível, então eu sou um pouco atrevido mesmo.

E.V. – O grande problema destas empresas é que 90% da produção vai para a Embraer, criando uma forte dependência, e uma grande alternativa seria a diversificação deste processo do F5 que estão disputando contrato?

Paulo Skaf. Existem várias alternativas, nós fizemos reuniões com os produtores de São José dos Campos, São Carlos e outras regiões, com alternativas para o fornecimento para a indústria naval, quando apoiamos havia negociações com helicópteros de transporte russo, nós nos colocamos contrário e apoiamos que estes helicópteros deviriam serem comprados pelas Forças Armadas, helicópteros com tecnologia e produção no Brasil e assim conseguimos. Houve uma negociação de 50 helicópteros, com isso deixou-se de comprar da Rússia. Reunimos todos os possíveis fornecedores de São José dos Campos e de outras cidades do Estado de São Paulo e de outros Estados. Na FIESP, ocorreu um grande evento onde a HELIBRAS colocou as suas necessidades, e esse helicóptero vai iniciar os 5% de nacionalização, mas com o compromisso de 5 anos atingir 50%, isso é uma nova oportunidade, e novamente agora os caças que estão sendo negociados, eu recebi e falei a todos que estão ofertando (franceses, americanos, suecos), que para nós é fundamental a transferência de tecnologia, e o maior índice de nacionalização possível, nós queremos desenvolver tecnologia, inovação e produzir no Brasil. Isso é o que vai fazer a diferença. Claro que essas decisões de compras não cabem a nós e sim da Força aérea e do governo.

E.V. – A FIESP avaliou que os franceses eram os melhores para o Brasil na questão dos helicópteros, e na produção do F-5 a FIESP se posicionou a favor algum concorrente?

Paulo Skaf Na verdade não há posicionamento do FIESP, é que naquela altura nós achamos que os franceses eram melhores, porque, qualquer empresa que oferecesse trazer tecnologia, abastecer dos fornecedores nacionais e produzir no Brasil, seria o melhor fornecedor. No caso dos helicópteros, foram os franceses que ofereceram as melhores condições. No caso dos caças, o que nós estamos colocando para todos eles é essa posição. O presidente mundial da “Boing Defesa” esteve comigo e evidenciou que os americanos inicialmente estavam com algumas dificuldades de transferência de tecnologia, mas ele me assegurou que tiveram autorização do Departamento de Estado Americano para transferir a tecnologia e que eles estariam muito interessados, inclusive fizeram uma rodada de negócios na FIESP no sentido de conhecer possíveis fornecedores brasileiros, isso me agradou muito. E o mesmo procedimento foi oferecido para os franceses, uma rodada de negócios. Recebi também os suecos que tem um projeto e uma proposta diferente, eles querem que nós brasileiros participemos do próprio desenvolvimento do avião.  

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