ENTREVISTA COM NELSON MARQUES – CONSULTOR EMPRESARIAL
Empresas do Vale janeiro 24, 2019 Nenhum comentário
ENTREVISTA COM NELSON MARQUES
(*) Matéria exibida na edição 18 – periodicidade: outubro/novembro/2008
Por: José Carlos Reis de Souza
Diretor, editor e jornalista da Revista Empresas do Vale – Negócios & Turismo
Nelson Marques de Oliveira Junior, 52 anos, é Consultor Empresarial, especializado na área Organizacional. É Diretor Regional Adjunto do DEPAR (Departamento de Ação Regional) da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e Diretor de Projetos do SINHORES Aparecida e Vale Histórico (Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes). Recentemente, foi contratado pelas quatro diretorias regionais do CIESP, que compõem o Grupo 9, para realizar a pesquisa que resultou no Guia Regional das Indústrias do Vale do Paraíba e Alto Tietê, lançado em agosto desse ano.
ENTREVISTA
E.V. – Partiu do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) a ideia de criar um guia para consulta empresarial?
N.M. – Realmente, foi uma idéia nascida em São José dos Campos há alguns anos atrás, quando foi feito o primeiro Guia das Indústrias daquela Diretoria Regional do CIESP. A experiência foi muito boa, e resultou num projeto de ampliação que só foi possível por conta do bom relacionamento das várias diretorias regionais que compõe o chamado G9 (Grupo 9) do CIESP. Num projeto arrojado, os gestores resolveram fazer um mapeamento completo dos 47 municípios que fazem parte das Diretorias Regionais de Mogi das Cruzes (Alto Tietê), Jacareí, São José dos Campos e Taubaté. Através de um processo de seleção, fui contratado como pesquisador e desenvolvi a coleta de informações que são apresentadas na publicação que foi batizada de “Guia Regional das Indústrias do Vale do Paraíba e Alto Tietê”. O material foi traduzido para o Inglês e o Espanhol e encontra-se disponibilizado numa publicação com quase 300 páginas, que contém também todas as empresas associadas ao CIESP na região. O trabalho foi complementado por um CD que, além de todas as informações sócio-econômicas, permite a pesquisa refinada.
E.V. – Qual o propósito deste guia aos investidores e às empresas?
N.M. – A ideia foi criar um guia em que os investidores pudessem identificar as áreas geográficas de interesse, parceiros potenciais, PIB, capacidade instalada na região, enfim, informações que fossem úteis para tomada de decisão quanto aos investimentos numa região que abrange 47 municípios, desde Mogi das Cruzes até Bananal, ou seja, da Região Metropolitana de São Paulo até o final do Cone Leste Paulista, no Vale Histórico. Com esse guia, o investidor tem uma percepção clara de que não está lidando tão somente com uma macro-região e sim com um “país”, e os números são impressionantes.
E.V – O que você poderia falar sobre números importantes?
N.M. – A região tem 18.403 km², sendo essa a área de abrangência das Diretorias do CIESP, conforme falei anteriormente, o que equivale ao tamanho de um país com o Kuwait (17.718km²) ou Israel (20.000 km²). Com uma população superior a 3,5 milhões de habitantes e um PIB acima de 50 bilhões de reais, os 47 municípios da região respondem por quase 9% do PIB do Estado de São Paulo. Torna-se fácil, ao conhecermos esses números, nos curvarmos ao fato de que estamos tratando de uma das melhores regiões do Brasil para se viver e trabalhar, para investir e garantir um futuro promissor. A idéia que nos guiou durante a preparação do Guia foi a de fazer uma fonte de consulta útil não só para investidores industriais, mas também para todos aqueles que, de alguma forma, estudam e analisam o desenvolvimento do Vale do Paraíba e região do Alto Tietê.
E.V. – Quanto tempo levou para ser executado este projeto?
N.M – O planejamento feito pelas Diretorias Regionais envolvidas foi cuidadoso e durou alguns meses, seja levantando orçamentos, seja refinando o projeto para determinar o foco e a viabilidade econômica do mesmo. A contratação dos profissionais e empresas foi feita respeitando esse planejamento, e demandou mais algum tempo para que a equipe tivesse o perfil ideal para o sucesso do projeto, o que de fato se mostrou muito adequado, porque isso evitou retrabalho e gerou alta produtividade. A pesquisa foi feita sobre dados existentes e coletados por entidades de alta respeitabilidade em suas áreas, como o SEADE, IBGE, Ministério do Planejamento, etc. O mais importante aí foi determinar o que seria útil ou não para a obra, e a maneira de dispor esses dados da forma mais clara possível, ampliando a gama de usuários e a prestação de um serviço que consideramos essenciais. Entre o início da pesquisa e o término da produção do trabalho, envolvidas as áreas de tradução, diagramação e impressão, tivemos três meses de intensa atividade e dedicação praticamente integral dos envolvidos.
E.V. – Para finalizar, dê o seu parecer sobre o Vale do Paraíba?
N.M. – O Vale do Paraíba tem a característica de conter municípios com alto índice de produtividade, com vizinhos que buscam encontrar o caminho da prosperidade através da identificação de suas reais capacidades. Ao longo do estudo, vimos municípios com um PIB formidável, puxado pela industrialização, margeados por outros que estão identificando que suas vocações estão mais relacionadas, por exemplo, ao turismo. Por um longo período, várias cidades buscaram ter agentes de desenvolvimento que não se adequavam as suas realidades sociais, topográficas ou geográficas, isso retardou, em muito, o desenvolvimento. Outras, por motivos individuais, mantiveram economias tradicionais, o que não se sustentou ao longo dos últimos vinte anos, frente às transformações, criando-se assim um quadro de evasão, empobrecimento, concentração de renda, etc. O Vale do Paraíba não é uma região homogênea, e precisa ser tratada de caso a caso, através de ações políticas integradas. A Indústria está fazendo sua parte, buscando a melhor adequação aos novos tempos, mas é preciso que todos os envolvidos no campo do desenvolvimento econômico se integrem, para formar o bloco de prosperidade que o futuro da região sinaliza e que seu povo merece.
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