ALCIDES RIBEIRO E SUA MAGESTADE A VIOLA DE COCHO
Empresas do Vale maio 27, 2019 Nenhum comentário
ALCIDES RIBEIRO E SUA MAJESTADE A VIOLA DE COCHO (MT)
Matéria realizada na edição n° 57, periodicidade abril / maio /2014
Por: José Carlos Reis de Souza
Diretor e editor da Revista Empresas do Vale – Negócios & Turismo
Nossa equipe de reportagem da Revista Empresas do Vale – Negócios e Turismo / Turismo em Pauta, esteve na cidade de Varginha, município de Santo Antônio do Leverger (MT), na residência e atelier do artesão Alcides Ribeiro, um dos mais conhecidos herdeiros dessa verdadeira arte de confecciona peças como: Viola de Cocho; Ganzá; Mocho de Siriri; Gamelas e suvenires. A exterioridade da viola de cocho é algo mágico em meio a sua confecção, crenças e superstições, que transformam esse artesanato em um ritual. Porém como deixar os mitos de lado e se transformar de fato em uma microempresa? Para confeccionar a viola de cocho, a primeira etapa é a escolha da madeira, que podem ser de várias espécies: Ximbuva; Timbaúba; Sarã; Mangueira, entre outras. Já para o tampo, utiliza-se raiz de Figueira-branca, e para as demais peças o Cedro. As cordas, que antigamente eram feitas de tripa de macaco, atualmente são de nylon. É um trabalho demorado e que demanda habilidade, força e experiência. Afinal, trata-se de um tronco escavado que forma uma única peça com caixa de ressonância e braço, que depois recebe um tampo e outros complementos, como: cavalete, espelho, rastilho e cravelhas. Quanto à sua origem, a mais aceita é a de que o pantaneiro cunhou o seu próprio alaúde após observar os que eram originados por visitantes como os bandeirantes. Com o tempo, ela foi se difundindo, para ser item imprescindível nas principais festas populares da região, principalmente aquelas cultivadas aos santos. É frequentemente tocada acompanhada de outros instrumentos como o mocho (uma espécie de banco de madeira com assento de couro de boi tocado com baquetas de madeira), e o ganzá ( uma taquara grossa e dentada que é tocada com um pedaço de osso).
Alcides Ribeiro falou com a nossa reportagem a respeito de seu trabalho maravilhoso, que é a arte de fazer a viola de cocho:
Estou nesta profissão desde os quinze anos de idade representando a quarta geração fazendo a viola de cocho junto com meu pai, mestre Caetano Ribeiro dos Santos, preservando este instrumento, que é símbolo da cultura mato-grossense. Hoje estou sediado na cidade de Varginha (MT), na qual me sinto bem, por ser um lugar tipo sitio e mais tranquilo para o meu trabalho e, uma maneira de fazer com que o turista venha até este lugar agradável. E com isso, estamos dando a continuidade à viola de cocho para não deixar a nossa cultura morrer. Pois, ela embala o “Cururu”, o “Siriri”, a Dança de São Gonçalo, e até mesmo o “Rasqueado”, um estilo de música e de dança regional da nossa região metropolitana de Cuiabá, que é tocado na viola de cocho. Santo Antônio do Leverger é muito forte na cultura da viola de cocho, temos na cidade mais de 20 grupos de “Siriri”, o qual, ainda permanece aceso essa cultura, que a viola de cocho embala. Para você ter ideia, dentro da localidade de Varginha, o carnaval é feito ao som da viola de cocho, uma tradição de mais de 80 anos. Hoje, é um instrumento opcional dentro da UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso. Tenho divulgado a nossa cultura em diversos Estados brasileiros e em outros países, através da viola de cocho. O processo para a fabricação do instrumento é o seguinte: você extrai a madeira, em seguida tem que ser plainada, riscada o molde e começa a entalhar com facão, enxó e formão. O próximo passo é deixar a peça para secar e depois dar continuação: lixar, colocar a tampa, coroamento e o acabamento, que gera um processo em dez etapas. Temos diversos tamanhos, semimedia, média e grande. O que determina o limite de tempo para ficar pronta é o tipo da madeira, por exemplo: a madeira branca, seca mais rápida, e a madeira tipo Ximbuava, já demora mais para secar. Isso que faz a madeira variar na confecção da viola de cocho, que dura em média de oito a quinze dias para ficar pronta.
Deixe um comentário
Seu endereço de e-mail não será publicado. campos obrigatórios estão marcados * *