CRIAÇÃO DE JACARÉ-DE-PAPO AMARELO FAZENDA JATAÍ – TREMEMBÉ – SÃO PAULO
Empresas do Vale julho 16, 2019 Nenhum comentário
CRIAÇÃO DE JACARÉ-DE-PAPO AMARELO
FAZENDA JATAÍ – TREMEMBÉ – SÃO PAULO
Matéria realizada na edição nº 45 periodicidade: abril / maio / 2015
Pelo: jornalista José Carlos Reis de Souza
Diretor, editor e jornalista da Revista Empresas do Vale – Negócios Turismo.
Nossa equipe de reportagem esteve na Fazenda Jataí, localizada na cidade de Tremembé (SP), para conhecer a criação do jacaré-de-papo-amarelo e conversamos com o empresário e proprietário, Francisco Gimbo.
O Jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) é um crocodiliano de porte médio, espécie ameaçada de extinção. Ele está disseminado geograficamente na Mata Atlântica, Bacia do Rio São Francisco, Bacia do Rio Paraná e Rio Paraguai. Até a década de 60, surgiram alguns programas fracassados de criação, por falta de informações de técnicos e criadores, legislação em demasia, superestimativa de preço da pele, exagerados gastos na alimentação e ainda, a carne não era considerado um produto para o mercado interno. Em 1990, iniciou-se o Programa Experimental de Criação em Cativeiro do Jacaré-de-papo-amarelo na ESALQ/USP. A partir de 1996, pessoas interessadas em iniciar uma criação passaram a ser entrevistadas, formando parcerias com os que mais se adequaram à filosofia de trabalho.
SEUS PRINCIPAIS PRODUTOS:
A CARNE tem baixa quantidade de gordura e alto teor de umidade, sendo que a gordura presente na carne possui maior porcentagem de ácido graxo instaurado comparado aos bovinos e suínos.
A PELE é uma das mais procuradas no mercado, sendo que a pele do jacaré-de-papo-amarelo é mais valorizada, comparada aos outros jacarés brasileiros. E para melhor aproveitamento da pele, deve ser abatido em menor tempo possível. E ainda, o mercado externo exige idoneidade das peles.
SISTEMA DE MANEJO:
Existem três sistemas básicos de manejo:
Harvest e Ranching, que possui menores custos e condição fundamental para a implantação deste sistema é a existência de grandes agregados populacionais.
Optar por este sistema de manejo é gerar sustentabilidade na recuperação das populações naturais e aproveitamento econômico aliado à conservação da espécie.
Farming, localização de propriedade, disponibilidade de água, obtenção de alimentos a baixo custo, mão de obra e legalização das portarias 117/92 – normatiza a implantação de criadores e 118/97 – comercialização de peles.
RECINTO DE REPRODUÇÃO:
Os recintos são abertos, à temperatura ambiente, destinados a grupos de reprodução, com lotação variável. Deve conter um tanque central e área seca para a construção de ninhos. As fêmeas normalmente começam a botar com 03 para 04 anos e os machos ficam férteis entre 04 e 05 anos
RECINTO DE CRESCIMENTO:
Ele é destinado aos animais em crescimento até atingir o tamanho de abate ou serem transferidos para os grupos reprodutivos. Manter uma estufa plástica, que gera fonte de calor a baixo custo e renovação constante de água.
MANEJO REPRODUTIVO:
Consiste na formação dos grupos reprodutores, alocação de material para a construção do ninho, coleta e incubação dos ovos e cuidados durante a fase do pré e pós-eclosão. Este processo ocorre uma vez por ano, no período das águas, sendo a incubação em torno de três meses, sendo que a média de ovos postada por uma fêmea é em torno de 25 a 30 ovos. Outros cuidados devem ser presenciados, como: Ofanite, Dermatite Viral, Gota Única, Hipoproteinemia Nutricional, Síndrome da Adaptação Geral (Stresse), Hiperparatireodismo Nutricional e brigas. Antes de nascer, o responsável deverá ter cuidados com a coleta e incubação, as baixas temperaturas causam a morte do embrião e as altas temperaturas e umidades, favorecem fungos e bactérias.
No mercado, já existe um consumo crescente nos grandes centros urbanos.
Fonte: Rodrigo Yukihiro Gimbo
Após todas essas informações técnicas e aproveitando a oportunidade, a Revista empresas do Vale e TV Metropolitana visitou a Fazenda Jataí, localizada na cidade de Tremembé – São Paulo para bater um papo com o proprietário Francisco Gimbo, o qual nos recebeu gentilmente.
ENTREVISTA COM FRANCISCO GIMBO
E.V. – Como é que funciona o procedimento para a criação de jacaré-de-papo-amarelo?
Gimbo – Nós temos todo o processo de criação de jacaré, e o nosso trabalho é especialmente para fornecer matrizes para futuros criadores. Nosso trabalho envolve o processo desde o nascimento, acompanhando a fase de crescimento até a idade de reprodução.
E.V. – É verdade; quando a fêmea bota os ovos e, ao retirá-los para serem colocados na chocadeira, eles deve ficar na mesma posição em que estava no ninho, o porquê desta operação?
Gimbo – Nós procuramos manter os ovos sempre na mesma posição, marcando cada um, pois o embrião está fixado na parte de cima do ovo. Se você inverter a posição do ovo, o embrião vai ficar para baixo e irá morrer por falta de oxigênio.
E.V. – Uma fêmea produz em média, quantos ovos por ano e quantos são saudáveis?
F.Gimbo – Na média, em torno de 25 a 30 ovos e a eclosão em torno de 85 a 90%, depois a taxa de sobrevivência também em torno de 80%.
E.V. – O jacaré-de-papo-amarelo cresce em média quantos quilos por ano?
Gimbo – Depende, o normal é que nos primeiros anos ele triplique ou quadriplique de peso por ano.
E.V. – Como funciona a parte de alimentação?
Gimbo – O jacaré é uma espécie carnívora, e se alimenta especialmente de carne, aqui em nosso criadouro, 90% da alimentação é à base de carne de frango. Os filhotes nas condições de estufa, e calor intenso, nós alimentamos todos os dias, menos nos finais de semana.
E.V. – Qual é o custo para que você possa trabalhar com a criação de jacarés?
Gimbo – A idéia que todos têm, é que o jacaré come muito, mas na verdade não come tanto. Nós calculamos para esses pequenos, 2% de seu peso em alimentação ao dia. Já os adultos reprodutores, nós alimentamos uma vez por semana, com a mesma formula, 2% do seu peso.
E.V. – Como você comercializa o jacaré-de-papo-amarelo?
Gimbo – Por enquanto, nós só vendemos os jacarés vivos para os futuros criadores.
E.V. – O que se escuta a respeito da venda do couro de jacaré, é que ele é comercializado por centímetro?
Gimbo – Na verdade, medem-se os centímetros do abdômen e, o preço varia muito de acordo com a qualidade do couro.
E.V. – A partir de que idade você não consegue mais comercializar o jacaré-de-papo Amarelo?
Gimbo – Para abate, nós temos que vender até os dois anos de idade, passou disso, cai à qualidade do couro, isto porque começam a se formar as escamas e, que vai aumentando de acordo com a idade.
E.V. – A carne do jacaré-de-papo-amarelo é boa para o consumo?
Ginbo – A carne é boa e saudável, com aspecto mais para frango e gosto de peixe.
E.V. – Você mantém diversos tanques para a criação de jacarés-de-papo-amarelo, e como funciona o processo de divisão de tamanho?
Gimbo – Após os nascimentos dos jacarés, nós procuramos manter em cada tanque os que têm o mesmo tamanho. E para preservar o espaço de circulação, nós colocamos 3 jacarés por metro quadrado.
E.V. – No Brasil existem quantos tipos de jacarés?
Gimbo – Em nosso país, existem: Jacaré do Pantanal, Açu (o maior jacaré), Tinga e, o que predomina na Mata Atlântica é o jacaré-de-papo-amarelo.
E.V. – Como você diferencia o macho da fêmea?
Gimbo – Visualmente é difícil, mas tecnicamente, a gente coloca o animal de barriga para cima e faz-se o toque com um dos dedos na cloaca do animal, localizando o pênis, caso não localize é fácil dizer que é uma fêmea.
E.V. – É necessário manter elevada a temperatura da estufa do criadouro?
Gimbo – O jacaré gosta de viver em uma temperatura variando de 32 a 33º graus e, ele controla a temperatura do corpo na água, se alimenta melhor e tem um metabolismo mais rápido. Ele sendo um animal de sangue frio, a temperatura do corpo depende da temperatura ambiente.
E.V. – Para encerrar o nosso papo: para quem têm interesse em montar um criadouro de jacarés, quais as dicas eu você passa?
Gimbo – Primeiro, ter o espaço, segundo, as condições da temperatura média anual, tem que ser acima de 20º graus aonde ele pretende fazer o criadouro. A estrutura física consiste em: tanques para as matrizes e para os filhotes, com água corrente e espaço para chocadeira de ovos, além de um responsável técnico (exigência do IBAMA), que pode ser; um biólogo, veterinário, zootecnista ou engenheiro agrônomo. Hoje, com R$ 600 mil o interessado já pode começar a ter um criadouro com as matrizes. Com o criadouro em funcionamento, o retorno começa a aparecer após cinco anos.
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