Entrevista com Carlos Miranda, protagonista da série “Vigilante Rodoviário”
Empresas do Vale fevereiro 12, 2019 Nenhum comentário
ENTREVISTA COM CARLOS MIRANDA
(VIGILANTE RODOVIÁRIO)
(*) Matéria exibida na edição bimestral nº 31 de dezembro/janeiro/2010
Por: José Carlos Reis de Souza
Diretor, editor e jornalista da Revista empresas do Vale – Negócios & Turismo
E.V. – Quem é Carlos Miranda?
Carlos Miranda – Sou oriundo do cinema: neste mês estou completando 61 anos de cinema. Comecei em 1949 fazendo teatro popular para o SESI e cinema, na época ainda não tinha televisão no Brasil. Todo o meu aprendizado foi dentro da “Cinematográfica Maristela” que pertencia à família Audrá dono da Fábrica de Juta Taubaté. Comecei como office-boy, depois passei pelas funções de: assistente de produção; contra-regra; assistente de direção e virei ator. Fui ator no teatro popular do SESI e, na Cinematográfica Maristela fazia a parte administrativa. Esse trabalho nos dois lugares me deu a oportunidade de participar de grandes filmes brasileiros, a começar pelo ano de 1952, onde fiz o primeiro comercial filmado para a televisão em animação. Fui escolhido entre 127 candidatos para ser o “Vigilante Rodoviário” e, dentre estes candidatos estavam Hélio Souto e diversos valores do teatro. Na época ninguém de cinema se interessava pela televisão, ao contrario de hoje, que é coqueluche. Esse meu aprendizado fez com que, depois de ser escolhido para fazer o papel de “Vigilante Rodoviário” e criasse uma maneira nova de interpretar um tipo de herói que apanhava também. Meu quepe caia da cabeça, porque, como eu dizia, os heróis americanos não desmanchavam o cabelo, não caiam seus chapeis, não se sujavam. Não havia novelas e os poucos filmes brasileiros eram sobre o cangaço ou as comédias da Atlântida, onde eu tinha grandes amigos como: Grande Otelo, Oscarito, Ankito, Cil Farney, Léo Góis etc. Hoje, aos 76 anos de idade e com muita alegria, eu me lembro dessa época gostosa do nosso cinema que era descompromissado. Os primeiros filmes que nós fizemos de aventura não foram tão bem recebidos devido às comédias da Atlântida, que eram as preferidas na época. Essa situação fez com que o nosso cinema evoluísse. Foi quando em 1959, resolvemos fazer algo para a televisão. Produzimos cinema em 35 mm e foi uma novidade pioneira na ocasião em toda a América Latina, pois, só tínhamos os Estados Unidos na nossa frente. O Japão veio 10 anos depois com a série “Nacional Kid”, e com “Chips” em 1980, onde tive a oportunidade de conhecer “Leo Wyll Cooque”, que fazia “John Becker”. Todo esse desenrolar do nosso cinema quebrou aquele tabu de que nós copiávamos e, que os americanos faziam. Tanto é verdade que, quando produzimos em 1950 o filme “Caiçara” aonde teve uma cena de praia que mais tarde foi aproveitada por Montgomery no filme “Tarde de Mais para esquecer”. Temos um filme que praticamente é uma história do cinema da América chamado “Limite” de Mário Peixoto, iniciado em 1926 e terminado em 1930. Foi com esta bagagem de cinema que tivemos a felicidade de conviver. Por exemplo: nos dias de hoje vejo novelas de televisão que tem números musicais como se fossem as chanchadas da Atlântida, então nada evoluiu. Hoje em dia para ter sucesso de audiência eles compram programas que existem fora do nosso país. Vou expor alguns: Big Brother, Ídolos, Aplausos, etc. Por volta de 1958, tínhamos que criar, porque não podíamos comprar nada pronto.
E.V. – Na época você e a produção tinham apoio de empresas privadas e facilidades para produzir os filmes?
Carlos Miranda – Vamos voltar um pouco no tempo. Infelizmente na época nós tínhamos limitações. O governo e a própria policia não ajudavam, não podíamos fazer o tipo de filme (policial rodoviário) por não haver mercado, e quando se falava em inovar além dos temas do “Cangaço” ou da “Chanchada”, as pessoas ligadas a produção diziam que estávamos sonhando demais. Não existia o cinema novo e posso falar isso de cadeira, porque são 61 anos trabalhando no cinema.
E.V. – Hoje os filmes “Policial Rodoviário” estão sendo exibidos no Canal Brasil, qual a explicação?
Carlos Miranda – Hoje, graças ao público que prestigia nosso trabalho, o Canal Brasil se viu forçado a voltar com a série na televisão. Para que todos possam saber, eu fiz 112 filmes dos quais 38 foram para a televisão, que estão sendo exibidos atualmente.
E.V. – Para encerrar o nosso bate-papo: Quantos filmes você participou?
Carlos Miranda – Para que todos possam saber: participei de 112 filmes, dos quais 38 foram para a televisão e, que estão sendo exibidos atualmente no Canal Brasil.
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