ENTREVISTA COM LUIZA PORTINARI

Empresas do Vale janeiro 25, 2019 Nenhum comentário

ENTREVISTA COM LUIZA PORTINARI

ENTREVISTA COM A ESCRITORA LUIZA PORTINARI

(*) Matéria realizada na edição 21 – periodicidade abril/maio/2008

Por: José Carlos Reis de Souza

Diretor, editor e jornalista da Revista Empresas do Vale – Negócios & Turismo

 A Revista Empresas do Vale aproveitou a presença da escritora Luzia Portinari, quando de sua presença na “Primeira Semana de Arte do Vale do Paraíba”, onde podemos saber um pouco mais sobre seus trabalhos no mundo da arte.

E.V. – Quando foi que você percebeu que tinha interesse por arte?

Luiza Portinari – Na realidade a minha vida inteira, porque eu nasci em uma família de artistas, e me lembro com saudades, a minha casa cheirando terebentina e tendo uma freqüência constante de pintores, jornalistas e críticos. Desde criança eu convivia envolvida neste mundo, tanto em minha casa como quando ia passar as férias em Brodósqui, era muito natural, nesta estrada tive a oportunidade de conhecer quase todos os pintores, os  que já faleceram ou aqueles que permanecem vivos, sempre estão em visita à minha residência. 

E.V. – Fale um pouco de sua trajetória profissional?

Luiza Portinari – Eu cursei ciências sociais, em uma época muito conturbada pela ditadura e acabei indo trabalhar com informática de grande porte por uma eventualidade a vida inteira, e dentro da informática, chegando a uma certa altura eu fui designada para trabalhar com pesquisa de reconhecimento de padrões, que era uma coisa nova para a década de 80 onde eu comecei praticamente a introduzir no Brasil. Depois veio o interesse de estudar as assinaturas, hoje eu tenho trabalhos sobre assinaturas: de Emiliano Augusto Cavalcanti (Di Cavalcanti), expoente das artes plásticas brasileiras e idealizador e um dos organizadores da “Semana da Arte Moderna de 1922”, já no livro da Anita Catarina Malfatti, que foi pintora, desenhista, gravadora e professora brasileira. Foi a primeira artista brasileira a aderir ao modernismo, dela tenho um pequeno apêndice sobre as suas assinaturas, aproveitando esta oportunidade passo a informar aos leitores que participei de concursos de ciências sociais que me ofereceram uma visão muito grande da história, filosofia e mitologia, todo este conjunto é que dá todo o invólucro do estudo que eu faço na arte dentro de uma visão histórica. Enfim são os trabalhos que vão aparecendo e valorizando.

E.V. – O que é estudar assinaturas?

Luiza Portinari – Vamos falar sobre as assinaturas; as do pintor Di Cavalcanti, me chamaram a atenção porque ele brincava muito, e ele não é o primeiro, a mania de brincar com assinatura no quadro já é uma coisa que  apareceu até no renascimento. Mais Di Cavalcanti aqui no Brasil era um dos que brincavam muito. Existe à parte que não é muito de meu interesse mas no fim acaba coincidindo, que é à parte de autenticidade. Como eu trabalhei na parte de reconhecimento de padrão, e um dos grandes objetivos até hoje, é o reconhecimento de assinatura particularmente utilizado pelos bancos, onde se gasta fortuna em pesquisas neste sentido, mais muita coisa já se fez, principalmente no reconhecimento de impressão digital que é o estudo  das características até gestuais do auto de assinar, onde se coloca determinadas características que são próprias daquela pessoa  que acaba praticando aquela assinatura de uma maneira inconsciente. Aproveitei e fiz um estudo mais profundo do pintor Di Cavalcanti.  Anita Catarina Malfatti já tem um outro aspecto, ela me chamou a atenção pelo fato de que muitos de seus quadros estarem com duas assinaturas ou não estarem assinados. Nos quadros que tinham duas assinaturas, uma delas geralmente escondida, você só consegue ver com lupa ou uma luz muito forte, caso contrário não distingue, é o fundo preto com uma assinatura preta. Então eu analiso que ela assinava porque tinha que assinar, ela era uma pessoa tímida e escondia a sua autoria, era uma maneira de se decodificar, isto também chama a atenção, é uma característica.

E.V. – O que leva um quadro chegar a um preço altíssimo?

Luiza Portinari – Simples, o fato de ele ser único, e saber que tem pessoas que pagam sem o menor preconceito, para manter status no mundo da arte.

E.V. – Qual o seu último livro que você está trabalhando?

Luiza Portinari – Estou acabando de lançar o livro sobre Anita Catarina Malfatti, e é uma das razões das quais eu estar aqui, falar sobre Anita Catarina Malfatti, com o tema “O modernismo no Brasil”. Trabalho nesta área há muitos anos, já fiz curadoria de exposições, e tenho outros livros publicados.

 

 

     

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