Entrevista com Carlos Nascimento – jornalista e ancora do SBT

Empresas do Vale março 29, 2024 Nenhum comentário

Entrevista com Carlos Nascimento – jornalista e ancora do SBT

ENTREVISTA COM O JORNALISTA CARLOS NASCIMENTO (ÂNCORA E APRESENTADOR DO SBT)
Matéria realizada na edição n.º 44 – periodicidade, fevereiro / março / 2012, por José Carlos Reis de Souza, diretor, editor e jornalista da Revista Empresas do Vale – Negócios & Turismo.

PERFIL

Carlos Nascimento, natural de Dois Córregos-SP, nasceu no dia 05/12/195, começou a trabalhar como radialista na Rádio Cultura e no jornal “O Democrático”, em sua cidade natal. Em São Paulo – capital trabalhou nas rádios: Nacional, América, Excelsior e no jornal Super News. Foi colunista dos jornais: Diário Popular e Diário de São Paulo. No ano de 1977 foi contratado pela Rede Globo e, durante onze anos, foi repórter dos telejornais: Globo Rural (1980-1982); SPTV 1ª Edição (1984-1988); Bom Dia São Paulo (1986-1988); SPTV – 2ª Edição (1996-1998); Globo Repórter e Jornal Nacional. Passou a ter popularidade durante a cobertura da morte do presidente eleito Tancredo Neves em 1985. Em 1988, Carlos Nascimento resolve mudar a sua carreira de repórter e, passa a ser âncora de telejornais. Sua estreia foi na TV Cultura apresentando o “jornal da Cultura”. Um ano depois foi contratado pela Rede Record apresentando o “Jornal da Record” (1989-1990). No ano de 1990, volta para a Rede Globo, tornando-se o primeiro âncora a atuar na emissora, nos telejornais: “São Paulo Já” (1990) e “Jornal Hoje” (1999-2004), além de apresentar eventualmente no Jornal Nacional e o Fantástico, onde permaneceu até 2004. Neste mesmo ano, Carlos Nascimento foi contratado pela TV Band onde apresentava o “Jornal da Band” (2004-2006), programa diário Band News FM e fazia comentários sobre política e economia no canal de notícias Band News TV e na Rádio Bandeirantes AM. Em fevereiro de 2006, Carlos Nascimento deixa a TV Band e assina contrato com o SBT por quatro anos para integrar a equipe de jornalismo da emissora. No SBT, apresentou o “Jornal do SBT”; “SBT Manchetes’; “SBT São Paulo” e “SBT Brasil'”. Foi editor chefe e apresentador do telejornal “SBT Brasil” ao lado de Karyn Bravo. Com a renovação do jornalismo no SBT, em maio de 2011 depois de cinco anos ele deixa a bancada do SBT Brasil para Joseval Peixoto e Rachel Sheherazade, mas continua no Jornal do SBT com Cynthia Benini. Durante sua carreira de sucesso, Carlos Nascimento recebeu diversos prêmios, dentre eles: prêmio “Wladimir Herzog”, do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, como repórter em 1980 e 1981; prêmio “APCA” da “Associação Paulista dos Críticos de Arte” em 1988, pelo melhor telejornal (Jornal da Cultura); em 1989, como o melhor telejornal (Jornal da Record) e, em 2005 o prêmio “Comunique-se”, ao ser escolhido por 80 mil jornalistas como o melhor apresentador da TV brasileira, apresentando o Jornal da Band. Carlos Nascimento tem quatro filhos, três nasceram enquanto fazia reportagens: no parto de Carlos Alberto, Nascimento tinha sofrido um acidente no carro da Rede Globo em Santos. No nascimento de Paloma, ele estava na Bolívia. Júlio Ettore veio ao mundo um dia antes do previsto e, só conheceu o filho na noite seguinte. Somente Rodrigo foi observado o nascimento por Carlos Nascimento, na época era correspondente na Espanha.

ENTREVISTA:
E.V. – Começamos o nosso bate-papo, perguntando como era a sua infância em Dois Córregos e, qual era o seu passatempo predileto?

C.N. – Bem, numa cidade do interior, nas décadas de 1950/1960, não havia muito que fazer, então, a gente brincava de pega-pega; esconde-esconde; carrinhos; de pular acerca do quintal do vizinho para pegar frutas; de correr na rua; de ir ao jardim da praça tentar fazer pequenas aventuras de bicicleta em volta da cidade e, ir à matinê aos domingos, era isso que havia, não tinha grandes coisas, mas era bom.
E.V. – Em que ano de sua vida, você percebeu que tinha o tino para ser radialista e depois galgar para ser jornalista?

C.N. – Aos 13 anos, minha mãe se incomodou porque eu não trabalhava, e ela me chamou e disse: você precisa fazer alguma coisa na vida e, como eu sabia que, quem trabalhava na emissora de rádio, não pagava para ir ao cinema, nem nos bailes de fim de semana, aí eu pensei, é lá que eu quero trabalhar. Então eu fui por este motivo, quase uma brincadeira trabalhar no rádio, mas, no fundo, eu já gostava. Por isso, acabei indo e, estou no jornalismo até hoje.

E.V. – Durante a sua permanência na TV Globo, foi ali que você percebeu que sua vida profissional deslanchou para o sucesso?

C.N. – A TV Globo dentro do Tele jornalismo da minha época até hoje continua sendo uma referência, então, claro que  lá tive as melhores oportunidades para desenvolver a minha carreira, eu e toda uma geração de repórteres, que até hoje continua na TV Globo, que são meus amigos e contemporâneos. Sem dúvida foi um marco fundamental e muito importante na minha carreira. E, doei praticamente 30 anos da minha vida para as Organizações Globo.

E.V. – Quais os motivos que o levaram a sair da TV Globo por duas vezes, na década de 1980? 

C.N. – Foi buscar desafios e novidades, de querer fazer coisas diferentes e procurar oportunidades em outras emissoras. Eu disse que a TV Globo foi importante para mim, mas as outras emissoras também foram Eu apresentei pela primeira vez um telejornal como apresentador e editor chefe na TV Cultura, depois eu trabalhei na TV Record da família Machado de Carvalho. Nesses dois telejornais, nós ganhamos o prêmio de melhor telejornal do ano. Trabalhei na TV Bandeirantes e, foi um momento importantíssimo para mim, agora no SBT. Então, é a busca de oportunidades, é como qualquer funcionário ou cidadão, sempre querendo melhorar, crescer profissionalmente.
E.V. – Como você fazia na época para conciliar as diversas atividades de jornalismo fora da TV Globo?

C.N. – A vida de todo jornalista é muito difícil, você não tem tempo para se dedicar a sua família, aos seus amigos e as suas coisas. O jornalista vive para a sociedade, e tem que se preocupar com o que acontece com os outros e não com você. Isso, realmente, compromete bastante o relacionamento junto à família e aos amigos. Porém, quem entra nesta profissão, sabe que as coisas são assim, não há muito que fazer, e o pouco tempo que sobra tem que se dedicar a fazer as coisas que gosta, mas não sobra muito tempo. 
E.V. – Essas mudanças de emissoras lhe ocasionou melhora na vida pessoal e financeira?
C.N. – Claro, às vezes, sim, às vezes não. Toda a mudança que se faz em busca de novos desafios profissionais, você tem que considerar alguns fatores, um deles é evidentemente a remuneração. Ninguém gosta de mudar de emprego para perder dinheiro, sempre você tem que fazer alguma coisa para ganhar mais.

E.V. – Você declarou que o telejornalismo nacional precisava de mudanças por ser muito declaratório. Você conseguiu implantar no SBT?

C.N. – A sociedade brasileira mudou muito nesses últimos anos, eu comecei nos anos 70 quando ainda havia censura dentro das redações. A TV era mais tímida, o povo brasileiro era um povo mais fechado, a economia do país era fechada e a política não tinha liberdade que tem hoje. Então, a sociedade brasileira se abriu para ela própria e para o mundo e, quando eu disse isso, eu queria dizer, que a nossa televisão tinha que acompanhar, porque a TV é um pouco o reflexo da sociedade. Se a sociedade evolui, a televisão tem que evoluir e mostrar uma programação a altura da expectativa das pessoas. Eu acho que em alguns momentos da nossa história recente, a televisão começou a ficar para trás, a sociedade avançou mais.

E.V. – Você como jornalista, acha que a televisão tem fontes de valores para os seus filhos e dos cidadãos, sejam eles brasileiros ou estrangeiros?

C.N. – Claro que sim, conheço inúmeros programadores da área artística, infantil e do jornalismo, todos preocupados em ter uma programação de qualidade. Pois, nem sempre a programação tem essa qualidade que deveria ter, mas não tenho dúvida de que 90% das pessoas que trabalham na televisão têm essa preocupação, às vezes não conseguem realizar, mas que existe, existe.

E.V. – Você, como jornalista e muito ocupado, tem tempo para a família?
C.N. – Hoje eu tenho um pouco mais de tempo, embora o meu horário de trabalho seja das 16:00h até às 03:00h. Então, toda a convivência noturna com a minha família eu já perdi há seis anos. Aproveito os finais de semana para viajar juntos e, procuro compensar a ausência nas poucas horas que eu tenho a possibilidade de passar com os meus filhos.

E.V. – Trabalhar com Silvio Santos não existe dificuldades?

C.N. – Não, pelo contrário, existe muita facilidade, o Silvio Santos é uma figura adorável, uma pessoa que todo mundo conhece, eu não preciso falar bem dele. Mas para nós funcionários, é uma pessoa que abriu muitos horizontes na televisão, dando muitos empregos e, principalmente, permite que os artistas revelem os seus talentos. Quantos e quantos artistas ele criou, isso eu acho importante dizer.

E.V. – Durante a sua permanência na TV Globo, site duas matérias jornalísticas comandadas ao vivo e que marcou na sua vida profissional?

C.N. – Sim, a cobertura da Morte de Tancredo Neves e ataques terroristas do dia 11 de setembro em Nova York.

E.V. – Para finalizar o nosso papo, você tem a pretensão de editar uma autobiografia de sua vida profissional?

C.N. – Todo mundo me faz esta pergunta há 40 anos, na verdade, eu comecei a escrever um livro, entretanto, escrever um livro, só se for uma coisa ótima, muito interessante, que as pessoas leiam e aproveitem alguma coisa. Eu não quero escrever um livro só para dizer que escrevi. Eu vou publicar o livro no dia em que eu achar que as histórias que eu tenho para contar, são de grande interesse do público. Ai, sim, você pode estar certo que eu vou publicar.

 

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